Por que as mulheres devem praticar Jiu Jitsu?

13/03/2020

Ser mulher é - e sempre foi - um ato de resistência.

Resistimos em todos os aspectos de nossa existência, pois o fato de ter um ventre historicamente nos fez subjugadas. Ficamos em casa cuidando dos filhos. Arrumamos o ambiente de forma meticulosa. Recebemos salários mais baixos apesar de realizarmos as mesmas funções. Vigiamos as roupas que usamos porque Deus nos livre levar um rótulo pelo tamanho da saia.

Andamos na rua olhando por cima do ombro, com medo de qualquer sombra que possa cruzar nosso caminho. Fechamos os vidros dos carros. Travamos as portas. Preferimos ficar em pé no transporte público. Cuidamos do nosso copo em uma festa como se ele fosse nossa vida - e, acredite, ele é.

Sim, ser mulher é resistir. Nessa seara de incertezas e ameaças, precisamos saber como nos proteger. Precisamos ter meios para manter a mente sã, o coração calmo e agir de forma estratégica e defensiva se necessário for. Minha história com o Jiu Jitsu começou exatamente assim.

A vida no tatame não é fácil. Requer mais força física do que às vezes está disponível. Requer controle para lidar com o contato extremo, o suor constante, a exaustão e as dores sempre presentes. Mas os benefícios extrapolam as horas de treino.

Não apenas porque no Brasil, segundo pesquisa divulgada peloG1, são "1.314 mulheres mortas pelo fato de serem mulheres - uma a cada 7 horas, em média". Os pontos positivos vão além do esporte como autodefesa, mas estão relacionados à disciplina, aumento da confiança e redução dos níveis de ansiedade.

O Jiu Jitsu nos torna mais resilientes. Aprendemos na adversidade. Não conseguimos acertar uma posição? Tentamos novamente. Não conseguimos manter a energia no aquecimento? Tentamos novamente. Não tivemos um bom desempenho em o rola? Tentamos, sempre, novamente.

E somos um público assíduo nos treinos. Interessadas em entender a estratégia por traz de cada movimento. Ansiosas pela nossa evolução. Exigentes por um tratamento igualitário dentro e fora do tatame.

A arte suave não nos torna imprudentes, não faz com que tenhamos certeza de que estaremos imunes a qualquer assédio ou violência. Mas renova nossa força e nos dá a segurança de saber que, se for preciso, faremos ainda mais assertivamente o que sempre fizemos: resistir.

Escrito por: Debora Rezende, jornalista e praticante da arte suave

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