A História do Jiu-Jitsu

11/01/2021

A história do Jiu-Jitsu

O Jiu-Jitsu brasileiro ou Brazilian Jiu-Jitsu (grafado também como jujitsu ou jujutsu) é uma arte marcial de raiz japonesa que consiste essencialmente em técnicas de solo voltadas para o uso de alavancas, torções e pressões para dominar ou submeter o oponente. Na forma literal, jū em japonês significa "suavidade e jutsu "arte". Vindo daí o sinônimo "Arte Suave".

Sua origem secular não pode ser apontada com precisão. Estilos de luta parecidos foram verificados em diversos povos, da Índia à China, nos séculos III e VIII. O que se sabe é que seu ambiente de desenvolvimento e refinamento foram as escolas de samurais, a casta guerreira do Japão feudal. A criação desta arte se deu pelo fato de que, no campo de batalha, um samurai poderia acabar sem suas armas, necessitando de um método de defesa sem depender delas para o combate. Como os golpes traumáticos não se mostravam suficientes nesse ambiente de luta, já que os samurais vestiam armaduras, as quedas e torções começaram a ganhar espaço pela sua eficiência. O Jiu-Jitsu, assim, nascia de sua contraposição ao kenjitsu e outras artes ditas rígidas, em que os combatentes portavam espadas ou outras armas.

A arte marcial ganhou um rumo diferente quando Mitsuyo Maeda, instrutor da escola japonesa Kodokan, decidiu provar a eficiência de seus estrangulamentos e chaves de braço contra oponentes de todos os tamanhos e estilos. Maeda embarcou para os Estados Unidos em 1904, em companhia de outros professores, sabendo que as técnicas japonesas encontravam grandes admiradores em solo americano, como o presidente Theodore Roosevelt, que se tornou aluno do japonês Yoshitsugu Yamashita. Maeda começou a colecionar milhares de combates e adversários superados pelo caminho, em países como a Inglaterra, Bélgica e Espanha, onde sua postura nobre fez nascer o apelido que o consagrou, Conde Koma. De volta à América, o lutador fez diversas apresentações e desafios em países como El Salvador, Costa Rica, Honduras, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Chile e Argentina. Em julho de 1914, o valente japonês de 1,64m e 68kg, segundo consta, desembarcaria no Brasil, em Porto Alegre, para fincar raízes e mudar a história do esporte para sempre.

Como nasce o Brazilian Jiu-Jitsu

Em 1917, em uma apresentação de Conde Koma em Belém no Teatro da Paz, um jovem de 15 anos assiste encantado com a série de técnicas demonstradas pelo japonês, seu nome, Carlos Gracie, filho mais velho dos cinco filhos homens de Gastão Gracie e Cesalina Gracie, Gastão, era descendentes de escoceses. Carlos ficara fascinado com a demonstração, segundo Gracie (2008), o primeiro contato de Carlos Gracie com o Jiu-Jítsu foi quando seu pai o levou para assistir Conde Koma em ação, testemunhando a vitória da técnica sobre a força bruta. Amigo de seu pai, Maeda concordou em ensinar ao garoto irrequieto a arte de se defender. Em suas aulas, ensinava a Carlos e a outros brasileiros - como Luiz França, que mais tarde seria mestre de Oswaldo Fadda - os conceitos de sua arte: em pé ou no chão, a força do oponente deveria ser a arma para a vitória; para se aproximar do adversário, o uso de chutes baixos e cotoveladas deveriam ser os artifícios antes de levá-lo para o chão.

Carlos Gracie abraçou de vez o Jiu-Jitsu e passou a influenciar nos irmãos o amor pela arte suave. Em 1925, Carlos abriu a primeira academia de Jiu-Jitsu da família Gracie. Nos jornais, o anúncio era impactante: "Se você quer ter um braço quebrado procure a academia Gracie". O grande mestre teria 21 filhos, sendo que 13 deles se tornariam faixas pretas. Cada membro da família passou a fortalecer a arte criada pelo mestre Carlos, fundador e guia do clã, além do primeiro membro da família a se lançar numa luta sem regras, a que chamou de "vale-tudo". Mas foi Hélio Gracie, irmão de Carlos, que mudaria toda a história com uma arte marcial que ficaria para a eternidade. Após começar a treinar e dar aulas de Jiu-Jítsu, Hélio deixa de ter os desmaios constantes que tinha na infância e na adolescência, adquirindo uma saúde incontestável pelos médicos, além de adaptar-se a dieta Gracie, uma dieta elaborada pelo seu irmão Carlos onde combinações de alimentos fazem com que os nutrientes sejam bem distribuídos pelo organismo. Essa é a base alimentar usada até hoje pela família Gracie.

Hélio Gracie se tornou o destaque entre os irmãos pelas inovações técnicas que promoveu como instrutor e pelo espírito indomável que não combinava com o porte franzino. Em sincronia com as táticas de Conde Koma, os Gracie continuaram no Rio de Janeiro os desafios a capoeiristas, estivadores e valentões de todas as origens e tamanhos. Se em pé tais brutamontes botavam medo, no chão viravam presa fácil para as técnicas que os dominavam como mágica. Japoneses curiosos com a fama e a perícia do mestre da luta de solo brasileira se deslocaram ao Brasil para lutar contra o mesmo.

Depois da sua participação em várias lutas, Hélio começou a dedicar-se mais nas aulas do que em suas lutas, mas ele viria a lutar ainda para delírio dos amantes das lutas e também da imprensa. Oficialmente Hélio Gracie fez 17 lutas profissionais, mas pela honra de sua família e pela honra do Jiu-Jítsu o professor teria lutado em mais de 500 lutas, entre lutas dentro da academia e nas ruas, em esquinas escuras, ressaltando que essas lutas nas ruas eram com lutadores profissionais. Naquela época, no Rio de Janeiro era comum se ter confrontos em ruas escuras desertas e de madrugada, todas com a preocupação do Gracie em mostrar e propagar a sua arte, o mestre sempre foi contra violência. Ele dizia que quando se aprende o Jiu-Jitsu a pessoa fica mais tolerante porque sabe que não tem medo e não será agredido por outra, por ser dotado das técnicas da arte suave, então não faria sentido a briga.

As vitórias da família em lutas sem regras foram se acumulando e virando lendas e manchetes nas primeiras páginas. Além dos desafios, os campeonatos entre praticantes, com regras exclusivas do Jiu-Jitsu, se fortaleciam, com a abertura de dezenas de academias diferentes. Nos anos 1960, um passo importante foi dado para a consolidação do Jiu-Jitsu esportivo. Em 1967, a Federação de Jiu-Jitsu da Guanabara, no Rio de Janeiro, foi criada, sob autorização da Confederação Nacional de Desportos do país. Entre as regras ainda primitivas, técnicas como queda, montada de frente com dois joelhos no chão e pegada pelas costas rendiam um ponto ao competidor. A duração dos combates na categoria adulta era de cinco minutos, com prorrogação de três. O Jiu-Jitsu ganhava oficialmente tempo e pontuações nas competições.

A arte teve um novo ápice nos anos 1990. Em duas frentes: criado por Rorion Gracie em 1993, o Ultimate Fighting Championship deu o pontapé inicial no esporte midiático conhecido hoje como MMA. A partir do ídolo Royce Gracie, e com o suor derramado por irmãos e primos aparentemente invencíveis como Rickson, Renzo, Ralph, Royler, Ryan, Carley e companhia, o Jiu-Jitsu como arma de defesa pessoal estava consagrado. Em outra frente, Carlos Gracie Jr. seguiu a obra do pai na organização dos campeonatos e no fortalecimento da arte como esporte regulado. Foi criada, assim, em 1994, a Federação Internacional de Jiu-Jitsu, assim como a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu, filiada ao Comitê Olímpico Brasileiro, que hoje promovem torneios em mais de 50 países, como o Campeonato Mundial, realizado anualmente desde 1996.

Legado do grande mestre Hélio Grace

Hélio Grace Hélio Gracie desenvolveu o seu legado, fazendo com que seus sobrinhos e filhos assumissem o posto que ele os deixou, disseminando o Jiu-Jitsu pelo mundo ao mostrar que a arte suave estaria e está até hoje acima das outras artes como a mais eficiente luta de todos os tempos. Sua arte foi desenvolvida para que o mais fraco possa prevalecer contra o mais forte e é a que mais cresce em termos de adeptos no Brasil e no mundo, havendo campeonatos mundiais e nacionais. Hélio Gracie faleceu no dia 29 de janeiro de 2009 aos 95 anos em Itaipava/Rio de Janeiro, lucido até o último dia de vida, dando aulas um dia antes de sua morte. Para quem o conhecia, achava-se que o grande mestre era imortal, como a arte que desenvolveu e propagou, com suor, nervos e garra.

Viva a arte suave, viva o nosso Jiu-Jitsu brasileiro. Eternos agradecimentos ao Hélio Gracie por ter desenvolvido essa arte marcial que transforma a vida de muitos para melhor! JIU-JITSU! OSS!

FONTES:

Brazilian Jiu-jitsu: a história do jiu-jitsu no Brasil contada a partir das lutas do Mestre Hélio Gracie (efdeportes.com)

A história do Jiu-Jitsu | GRACIEMAG.com | Graciemag 

Como surgiu o jiu-jítsu? | Super (abril.com.br)

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